Como evitar os erros da inteligência artificial em peças processuais: checklist jurídico prático para advogados
O Que Ninguém te Conta Sobre LGPD e IA: Riscos Ocultos nas Peças Processuais e o Dever de Diligência do Advogado
1) Introdução
Resumo em uma frase (featured snippet): Erros da inteligência artificial em direito — como hallucinations LLM, vieses e uso indevido de dados — podem comprometer peças processuais, violar a LGPD e gerar responsabilidade civil ao advogado que não cumpre seu dever de diligência.
Em 30 segundos:
– O uso de IA generativa em petições cresce, mas os erros da inteligência artificial ainda são frequentes e potencialmente graves.
– Hallucinations LLM podem inventar citações, precedentes e trechos inexistentes, contaminando argumentos e provas.
– LGPD e IA se cruzam quando dados pessoais entram no pipeline dos modelos, elevando risco regulatório e reputacional.
– O dever de diligência do advogado impõe validação humana, registro de fontes e transparência de métodos.
O uso de ferramentas de IA para rascunhar peças, resumir autos e pesquisar jurisprudência oferece ganho de produtividade, mas também amplia os riscos: um erro automatizado pode ser repetido em massa e propagar citações falsas ou vazamento de dados sensíveis. Um bom advogado deve tratá-las como assistentes de rascunho, não como autores finais. Pense na IA como um GPS que pode, de vez em quando, te mandar por uma estrada inexistente — é crucial conferir o mapa antes de seguir.
Este texto trabalha as principais palavras-chave: erros da inteligência artificial, erros de IA em direito, LGPD e IA, responsabilidade civil IA, dever de diligência advogado, hallucinations LLM. Ao longo das seções seguintes você encontrará contexto prático, matriz de risco, controles essenciais e um checklist operacional para reduzir a possibilidade de que um erro de IA transforme um rascunho em um problema ético, disciplinar ou patrimonial.
Para aprofundar a ideia de que a IA ainda erra com segurança, veja o relatório de caso jornalístico que documenta como uma IA sintetizou e inventou citações atribuídas a um autor — exemplo que ilustra bem os erros de IA em direito (ConJur: “Os erros da inteligência artificial”) [https://www.conjur.com.br/2025-ago-11/os-erros-da-inteligencia-artificial/]. Também lembre-se dos fundamentos legais sobre proteção de dados (LGPD — Lei nº 13.709/2018), cuja observância é mandatório sempre que dados pessoais entram em fluxos suportados por IA: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm.
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2) Contexto
A incorporação de IA no dia a dia dos escritórios é multifacetada: pesquisa de precedentes, sumarização de autos, geração de rascunhos, revisão contratual e Q&As para clientes. Cada um desses pontos do fluxo jurídico tem potencial de eficiência, mas também de introdução de erros da inteligência artificial. No contencioso, os principais problemas observados são: alucinações (hallucinations LLM), viés de treinamento, extrapolações indevidas e falta de rastreabilidade das fontes citadas.
O que chamamos de hallucinations LLM é quando um modelo inventa informações com alta confiança — por exemplo, criar uma ementa, parágrafo doutrinário ou número de acórdão que não existe. Um ponto cego comum é copiar/colar saídas da IA sem checagem: quando o advogado faz isso, uma única alucinação pode contaminar toda a argumentação e sequer ser detectada até que já esteja protocolada. Um exemplo prático e documentado ocorreu em síntese feita por IA sobre texto de Noé de Azevedo, onde foram atribuídas ideias e aspas inexistentes — relato publicado no ConJur ilustra bem esse risco [https://www.conjur.com.br/2025-ago-11/os-erros-da-inteligencia-artificial/].
Além disso, a interseção entre LGPD e IA é crítica. Fluxos que transferem dados pessoais para APIs externas ou que armazenam autos com identificação de partes exigem base legal adequada, minimização de dados, limites de retenção e avaliação de impacto (DPIA). O vazamento de dados sensíveis via prompts ou a utilização de modelos treinados com conjuntos inseguros podem gerar infração administrativa e ações de responsabilidade civil contra o escritório. A LGPD não é abstrata nesse ponto: exige medidas técnicas e organizacionais, registro de operações e, em certos casos, relatórios de impacto.
O dever de diligência do advogado impõe que o profissional:
– verifique independentemente citações e precedentes,
– preserve sigilo e restrinja o compartilhamento de dados sensíveis,
– documente o processo de tomada de decisão envolvendo IA,
– obtenha consentimentos quando necessário e registre quem validou o conteúdo final.
Analogia: usar uma IA sem validação é como delegar o fechamento de uma peça a um estagiário que escreve com confiança total — útil, porém perigoso se não houver revisão experiente. Em seguida, veremos tendências e controles práticos para mitigar esses riscos.
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3) Tendência
A adoção de LLMs por escritórios e departamentos jurídicos está em aceleração: ferramentas de summarização, pesquisa e revisão automatizada se democratizam e passam a integrar o fluxo de produção de peças. No entanto, essa expansão traz à tona questões sobre responsabilidade civil IA e conformidade com LGPD e IA. Clientes já pedem garantias contratuais, como cláusulas de não alucinação e obrigação de checagem humana. Ao mesmo tempo, tribunais e órgãos públicos começam a editar diretrizes — enfatizando transparência, autenticidade de citações e identificação de conteúdo gerado por IA.
Do lado dos fornecedores, há evolução: modos “enterprise” surgem com logs, controles de privacidade, e arquiteturas de Retrieval-Augmented Generation (RAG) que puxam fontes verificáveis, reduzindo a incidência de hallucinations LLM. Ferramentas jurídicas nativas com foco em “citations-first” tendem a proliferar, oferecendo referências clicáveis e rastreáveis. Mesmo assim, essas melhorias não eliminam o risco humano: a tecnologia pode reduzir taxa de erro, mas não suprimir a responsabilidade do advogado.
No mercado de seguros e compliance, cresce a preocupação: seguradoras e áreas jurídicas internas demandam políticas formais de LGPD e IA, auditorias periódicas de fornecedores SaaS e relatórios de impacto. Prevê-se que, nos próximos 12–24 meses, haverá maior fiscalização e padronização de avisos e políticas de uso de IA em tribunais e autarquias, bem como a exigência de evidência documental da checagem humana para peças protocoladas.
Exemplo prático: grandes escritórios já estruturam “centros de excelência” em IA jurídica com fluxos padronizados — prompts aprovados, modelos permitidos, checklists de verificação e logs de revisão. Essa governança transforma a IA de risco pontual para risco gerenciado. Entretanto, quando a IA falha (ex.: inventa um precedente), o impacto pode ser alto: sanções processuais, danos reputacionais e possíveis ações por responsabilidade civil IA.
Implicação futura imediata: a prática jurídica que não documentar e auditar o uso de IA em suas peças ficará exposta a reclamações de clientes e a autuações administrativas por falha de proteção de dados. Em suma: tecnologia eleva a produtividade, mas para mitigar erros de IA em direito é necessária governança robusta.
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4) Insight
Tese central: a IA amplifica produtividade, mas transforma erros individuais em riscos sistêmicos. Logo, governança + validação humana não são uma opção — são imperativos éticos, disciplinares e comerciais. Para operacionalizar esse princípio, proponho uma matriz de risco prática e sete controles essenciais, pensados para reduzir a probabilidade e o impacto dos erros da inteligência artificial em peças processuais.
Matriz de risco (alto impacto/provável):
– Alucinação de precedentes → petições com citações falsas → sanções processuais e dano reputacional.
– Vazamento de dados pessoais/sigilosos via prompts → infração à LGPD → multas e notificação a titulares.
– Dependência cega de sumarizações → erro material em teses → prejuízo ao cliente e responsabilidade civil.
Sete controles essenciais:
1. Política escrita de uso de IA: delimitar escopo, vedações, quem pode usar, e exigência de logs.
2. Base legal e DPIA: análise de impacto (DPIA) para fluxos que envolvem dados pessoais, registrando riscos e mitigantes.
3. Verificação em duas etapas: checagem de fontes + validação final por advogado responsável.
4. RAG com fontes internas versionadas: exigir referências clicáveis e auditar conformidade.
5. Lista de bloqueio de prompts: proibir inclusão de dados sensíveis/segredos sem anonimização.
6. Registro de decisões: quem reviu, o que foi alterado, evidências e versão final.
7. Treinamento contínuo: cursos periódicos sobre hallucinations LLM, vieses e práticas de verificação com exemplos reais do escritório.
Checklist de diligência rápido (pré-protocolo):
– Conferir cada citação (jurisprudência, doutrina) no repositório oficial.
– Validar trechos supostamente colados de decisões: checar PDF original e ementa.
– Verificar consistência fático-probatória com os autos.
– Rodar detector interno de links quebrados e referências inexistentes.
– Assinalar no corpo ou nota quando houve apoio de IA, de acordo com políticas do tribunal/cliente.
Analogia para clareza: a governança da IA é como um sistema de freios em um veículo de alta performance — sem freios confiáveis, a velocidade torna-se um perigo. Do mesmo modo, sem controles, a velocidade de produção por IA transforma-se em risco jurídico.
Citação e leitura recomendada: além do relatório de caso sobre erros da inteligência artificial (ConJur) [https://www.conjur.com.br/2025-ago-11/os-erros-da-inteligencia-artificial/], considere as orientações da LGPD e manuais de DPIA para fundamentar as bases legais das operações com IA (Lei nº 13.709/2018).
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5) Previsão
Nos próximos 12–24 meses, esperamos uma convergência regulatória e de mercado em torno do uso seguro de IA no âmbito jurídico:
– Padronização de avisos e políticas de uso de IA em tribunais e órgãos administrativos: práticas de identificação de conteúdo gerado por IA e exigência de declaração de apoio tecnológico em peças.
– Maior fiscalização sobre LGPD e IA em escritórios, incluindo auditorias em fornecedores (SaaS/LLMs) que processam dados de clientes.
– Ferramentas jurídicas nativas com “citations-first” e verificação automática reduzirão parte das hallucinations LLM, mas não eliminarão o dever de diligência do advogado.
– Crescimento de litígios envolvendo responsabilidade civil IA por danos causados por conteúdo automatizado: clientes buscarão reparação quando prejuízos forem comprovados por erro de IA.
– Mercado de seguros irá adaptar produtos para riscos tecnológicos: apólices cobrindo incidentes de IA, porém condicionadas a práticas de governança (logs, DPIA, treinamentos).
Implicações práticas para escritórios:
– Quem não documentar políticas e provas de checagem ficará em desvantagem competitiva e exposto a reclamações.
– Investimentos em RAG, verificação de citações e integração com repositórios oficiais se tornarão diferenciais de mercado.
– Áreas de compliance e TI tornar-se-ão centrais na prestação de serviços jurídicos, integrando fluxos entre profissionais e fornecedores de IA.
Exemplo de cenário futuro: um tribunal nacional publica uma norma que exige declaração expressa se a petição foi gerada total ou parcialmente por IA e exige registro de quem validou o conteúdo humano. Escritórios que já adotaram controles serão rapidamente certificados por auditorias, enquanto outros precisarão correr para conformidade.
Conclusão preditiva: a tecnologia reduzirá taxas de erro, mas aumentará expectativas sobre documentação e diligência. A responsabilidade civil IA será uma realidade concreta, e a LGPD ampliará seu foco para incluir a governança do ciclo de vida dos modelos usados pelo direito.
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6) CTA — O que fazer agora (checklist prático e recursos)
Baixe agora o checklist de conformidade “LGPD e IA no Contencioso: 20 verificações antes do protocolo” e implemente imediatamente os passos abaixo:
Ações imediatas (prioridade alta)
– Adote uma política escrita de uso de IA e comunique a toda a equipe.
– Faça um DPIA para fluxos que envolvem dados pessoais; documente a base legal.
– Exija que todo conteúdo gerado por IA passe por verificação em duas etapas (checagem de fontes + advogado responsável).
– Configure RAG com fontes internas versionadas e referências clicáveis.
Serviços recomendados
– Agende uma auditoria de 60 minutos para mapear riscos de erros da inteligência artificial no seu fluxo de petições.
– Treine a equipe sobre hallucinations LLM e vieses com exemplos reais (incluindo o caso relatado no ConJur) [https://www.conjur.com.br/2025-ago-11/os-erros-da-inteligencia-artificial/].
– Faça a integração com repositórios oficiais para conferência automática de jurisprudência (reduz risco de citações inexistentes).
Assine nossa newsletter para receber atualizações sobre responsabilidade civil IA, evolução jurisprudencial e boas práticas de dever de diligência advogado. Para leitura complementar sobre fundamentos legais da proteção de dados, consulte a Lei Geral de Proteção de Dados (Lei nº 13.709/2018): https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm.
Artigo Relacionado: veja o relato de experimento que mostra como a IA pode inventar citações e ideias atribuídas a autores — leitura essencial para entender os erros de IA em direito (ConJur): https://www.conjur.com.br/2025-ago-11/os-erros-da-inteligencia-artificial/.
Checklist rápido (antes do protocolo)
– Conferir manualmente cada citação e número de processo.
– Garantir anonimização ou consentimento para qualquer dado pessoal em prompts.
– Registrar quem revisou, que alterações foram feitas e onde estão as evidências.
– Indicar, quando aplicável, que houve apoio de IA na elaboração da peça.
Adotar essas práticas transforma a IA de um risco invisível em uma vantagem controlada. Na próxima vez que a ferramenta sugerir um precedente perfeito demais para ser verdade, faça a verificação — seu cliente, sua reputação e sua responsabilidade civil agradecem.